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Energia
Notícias
Por Instituto Escolhas
30 junho 2021
7 min de leitura
Larissa Rodrigues, gerente do Escolhas, analisa a MP 1055 em matéria especial para o Canal Energia
Com texto genérico e sem estabelecer as medidas que serão tomadas durante sua vigência, a Medida Provisória 1055, resposta do governo federal para a crise energética, deve ser vista com cautela, já que concentra as decisões na esfera política, não afasta a possibilidade de racionamento e flexibiliza as regras de contratação de energia, que pode vir de usinas térmicas, com gastos ainda maiores para os consumidores. A análise da gerente de projetos do Escolhas Larissa Rodrigues faz parte da matéria especial sobre a MP, publicada em 29/6, no Canal Energia.
De acordo com Larissa, “é preciso ter cuidado. As decisões estão todas em aberto”, acrescentando que elas estão nas mãos dos ministros do Executivo, sem incluir as agências regulatórias, o que torna essa MP pior do que aquela que veio com a crise do apagão em 2001.
Ainda segundo a gerente do Escolhas, a MP 1055 não afasta a possibilidade de racionamento, já que isso ainda pode vir como uma decisão nos próximos meses. Para ela, a simplificação de regras para contratar energia deve aumentar o uso de usinas térmicas e as contas de luz, mostrando que “não aprendemos com a crise de 2001 e vinte anos depois continuamos vendo a gestão do setor elétrico sendo feita por meio de medidas de exceção”.
Larissa lembra que a crise de energia vem justamente em um momento que deveríamos retomar as atividades econômicas, mas as empresas não encontrarão energia. Para ela, o recado que o governo dá é de que não teremos energia para a retomada econômica e sem energia não há empresa que decida por fazer novos investimentos.
Confira a publicação na íntegra:
MP 1055: custo de energia deve subir, avaliam especialistas
Texto da medida é classificado como genérico e gera dúvidas ao não estabelecer limites e caminhos a serem trilhados durante a sua vigência
MAURÍCIO GODOI
A versão de 2001 possuía algumas atribuições específicas como, por exemplo, estabelecer e gerenciar programa de redução de consumo, bem como impor medidas diretamente para atenuar os impactos da crise energética.
Para ele, há dois fatores principais que explicam a diferença, o primeiro é a existência de um modelo de governança do setor elétrico organizado e com atribuições bem desenhadas e desempenhadas pelos órgãos e entidades integrantes. Em segundo, o momento de criação da CREG parece ser mais benéfico, pois ocorre em momento anterior a uma situação mais crítica pela qual o país possa entrar. Isso possibilita a implementação de ações emergenciais que sejam decididas pelo CMSE e de medidas que já vinham sendo estruturadas pelo governo, como a contratação de reserva de capacidade.
Já Larissa Rodrigues, gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, tem uma visão diferente. A análise é de que a MP 1055 é pior que a de 2001. Ela argumenta que o fato dos membros dessa nova câmara serem os ministros de Estado mostra que a decisão estará concentrada na esfera política. Ela cita ainda a submissão do CMSE à CREG, o que pode tirar o componente técnico das decisões, bem como, tira o poder das agência reguladoras que deveriam atuar de forma imparcial ao governo federal.
“Essa MP tem um texto muito geral e não traz de fato nada sobre racionamento de forma explícita e por isso é preciso cuidado. As decisões estão todas em aberto”, comenta a executiva do Escolhas, que aponta para a possibilidade para a contratação de térmicas caras e que sobrará para o consumidor uma conta que ainda não é possível dimensionar.
Larissa lembra que essa crise e a perspectiva de aumento da conta vem em um momento crítico por conta da pandemia que vem na esteira de uma crise econômica com aumento da inflação, principalmente por conta da energia. “Essa MP mostra que não aprendemos com a crise de 2001 e 20 anos depois continuamos vendo a gestão por meio de medidas de exceção”, argumenta.
A executiva lembra que a crise vem um momento em que quando as empresas retomarem a atividade não encontrarão energia, um fator que retroalimenta a crise já citada. Para ela, o recado que o governo dá é de que não teremos energia para a retomada e sem energia não há empresa que decida por investir.
E aparentemente já há consumidores de energia que estão de olho no custo. Em seu pronunciamento o ministro citou que o governo está em busca de conversar com as empresas para deslocamento da demanda para horários fora da ponta. E segundo a diretora da Engenho, Leontina Pinto, já há consultas de clientes que estariam interessados em aderir ao programa de resposta da demanda.
Segundo ela, entre R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por MWh, consumidores já têm mostrado disposição em desligar suas linhas de produção. O que pode ser uma notícia boa para o governo, pode não ser tão boa aos consumidores que terão que pagar a conta para a remuneração dessas empresas que aderirem ao programa.
Leontina lembra que a carga vem crescendo em um patamar mais elevado do que nos momentos de maior otimismo quanto a estimativa de expansão que é adotado para o planejamento do setor. Um exemplo é a previsão de crescimento da carga em 4,7% no mês de julho deste ano na comparação com 2020. No ano passado o consumo já havia se recuperado ante o impacto inicia das medidas de combate à pandemia. E cita que dentre as previsões meteorológicas uma que preocupa mais que a situação deste ano é para 2022, já que a tendência é de que o próximo verão, época de recuperação de reservatórios, seja mais seco que o normal.
Publicado originalmente pelo Canal Energia: https://bit.ly/CanalEnergia-MP1055
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