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Por Instituto Escolhas

06 outubro 2016

3 min de leitura

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Quanto custa morar longe?

Durante encontro com o ministro das Cidades, Bruno Araújo, organizado nesta semana pelo advogado e ambientalista Fábio Feldmann, em São Paulo, o diretor do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, divulgou que o Instituto está iniciando um estudo que vai procurar responder a uma simples e, ao mesmo tempo, complexa questão: quanto custa morar longe?

“Essa é uma discussão importante,  já que o projeto Minha Casa, Minha Vida – ou ‘Meu Pedacinho de Fim de Mundo’-, repetiu o padrão do programa habitacional da ditadura de 1964, tocado pelo extinto Banco Nacional de Habitação, o famoso BNH. O que ele fazia era levar os pobres para perto de tudo que é ruim, como a insegurança, o transporte público precário e caro, deixando-os longe de tudo que é bom, como o hospital que funciona e a escola de qualidade”, disse Leitão.

Essa ideia precisa ser repensada, segundo Leitão, “porque o impacto ambiental da contínua expansão das cidades é imenso, em razão, por exemplo, do aumento exponencial que o morar longe provoca sobre o trânsito, com a maior emissão dos gases de efeito estufa, sem falar nas perdas de áreas verdes, bem como daquelas utilizadas para a produção agrícola, que precisam ceder lugar para as habitações”.

O diretor do Escolhas ressalta, ainda, que, embora seja mais barato o preço dos terrenos situados distantes das áreas centrais, nunca se leva em conta os custos adicionais que o morar longe acarreta para o Poder Público. Entre esses valores, estão a construção da infraestrutura de suporte para as pessoas viverem com dignidade, como é o caso de creches, redes de esgoto e de água, ruas asfaltadas, instalação de postes para luz e telefone, e agora o cabeamento para o acesso rápido à internet. “Será que no final a conta do morar longe não fica mais cara?”, questiona.

Além disso, ele lembra que, no histórico das questões urbanas no Brasil, essa infraestrutura só chega depois que as comunidades se organizam para reivindicarem os serviços de que necessitam, “o que exige gastar muita sola de sapato para bater ponto na porta do prefeito, do secretário de saúde, de educação. É preciso que a conta da solução do drama da habitação no Brasil seja feita não só olhando o preço do terreno, mas o valor total que a sociedade como um todo precisa custear para a oferta dos serviços que a vida decente de uma pessoa exige para a satisfação das suas necessidades, sem falar dos valores que ficam escondidos pela invisibilidade das horas perdidas no engarrafamento, do longo tempo dos deslocamentos até o trabalho, da manutenção das desigualdades que bloqueiam a melhoria de renda de quem não teve uma boa educação”.

O Escolhas, com o estudo sobre quanto custa morar longe, quer contribuir para que a análise do problema incorpore o olhar moderno sobre o conceito de moradia, do qual faz parte a casa, como um dos elementos principais, mas que avança para  incluir o conjunto de oportunidades que garantem a qualidade de vida, como o emprego, a fruição de bens públicos para o lazer e a mobilidade, entre outros.

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