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Notícias da Cátedra


Por Instituto Escolhas

10 julho 2019

4 min de leitura

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Pesquisa científica apoiada pela Cátedra Escolhas aponta caminhos para uma economia mais sustentável no Brasil

Estudo utiliza “índice de emprego verde” para a realidade brasileira, indicando as regiões com mais  ocupações profissionais sustentáveis e os setores que têm liderado essa transição 

A bolsista do Instituto Escolhas, Tayanne Arcebispo, defendeu a dissertação “Economia sustentável e empregos verdes no Brasil: uma análise setorial para o período de 2002 a 2004” no último dia 3 de julho. O trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), onde Tayanne expôs a pesquisa e foi declarada mestra com elogios pela qualidade e relevância do tema.

A dissertação buscou compreender o perfil dos empregos sustentáveis no Brasil, caracterizando os estados que têm maior ou menor capacidade ocupacional e mostrando quão verde é a economia de determinada localidade. 

Tayanne afirmou que pensar em economias verdes é importante tanto ambiental quanto socialmente. “O desenvolvimento agrega para toda a população, no sentido de aumentar o nível de emprego e renda, o que também aumenta o bem-estar das pessoas”, contou a pesquisadora. 

A agora mestra mencionou que é necessário, especialmente para os tomadores de decisões, ter um pensamento orientado para o desenvolvimento sustentável e promovê-lo por meio de políticas públicas. “As políticas devem ser direcionadas para cada região, de acordo com as peculiaridades e características do lugar, para que aconteçam, de fato, as ocupações verdes”, disse Tayanne.

Metodologia

A partir das informações do “Relatório Anual de Informações Sociais” (RAIS), a pesquisadora fez o levantamento de todos os empregos formais brasileiros entre 2002 e 2014. Essas informações foram catalogadas a partir da definição de “emprego verde”, ou seja, qualquer emprego classificado pela Occupational Information Network (O*NET) e que são afetados pelo efeito da “economia verde” sobre as ocupações, na qual pode incluir aumento a demanda por ocupações existentes, mudanças nos requisitos de trabalho e criação de novas ocupações necessárias para o desempenho ocupacional. Então, a pesquisadora fez a análise conforme a distribuição nos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. O trabalho baseou as conclusões no “Índice de Emprego Verde” (Green Jobs Index) que, quanto mais próximo de 1%, demonstra maior incidência desse tipo de ocupação na localidade. Dessa forma, foi possível determinar onde há mais ocupações profissionais sustentáveis e entender as características dessas localidades, como a conclusão de que a qualidade de vida mais elevada está diretamente relacionada à maior incidência de “empregos verdes”.

Sobre o processo, Tayanne destacou que o principal desafio esteve na análise do banco de dados. “A metodologia em si não foi um grande desafio, mas a base de dados sim, pois trabalhar as informações de todo o período analisado levou bastante tempo”, contou.

Dados para guiar políticas públicas mais sustentáveis

A banca examinadora foi composta pelo orientador, o professor doutor do departamento de Pós-Graduação em Economia da UFOP, Heder Carlos de Oliveira, Rosane Nunes de Faria, professora doutora do curso de Ciências Econômicas da Universidade de São Carlos e Rosangela Aparecida Soares Fernandes, doutora e professora do departamento de Ciências Econômicas da UFOP.

Os resultados da pesquisa indicam que o grau de sustentabilidade dos estados brasileiros é bastante heterogêneo e que, mesmo com o aumento no índice de “emprego verde” no período analisado, o processo de transição para a economia verde é ainda relativamente baixo. No geral, as regiões Sul e Sudeste  apresentaram índices maiores, enquanto as regiões Norte e Nordeste mostraram uma performance menor.

O trabalho conclui ainda que os setores verdes com maior destaque na economia brasileira são os de “Agricultura e Reflorestamento” (índice de 0,48%) e “Reciclagem e Redução de Resíduos” (0,46%).

Segundo os integrantes da banca, o trabalho de Tayanne tem uma grande relevância dada a necessidade de fazer a transição para uma economia mais sustentável. 

Essa transição implica em uma redução do número de empregos em setores mais poluidores e a abertura de vagas de trabalho em setores mais verdes. “Precisamos conhecer quais são esses setores, qual é o potencial de geração de emprego e renda, e quais regiões do país são mais verdes. Essas informações são importantes para que políticas públicas adequadas sejam criadas”, observou a professora Rosane Nunes de Faria. 

A professora Rosangela ressaltou como o trabalho chama a atenção ao uso eficiente e sustentável dos recursos naturais. Fernandes destacou também a contribuição da pesquisa para a bibliografia existente sobre o tema. “A pesquisa da Tayanne serve como ponto de partida para a realização de outros trabalhos, porque existem poucos dessa natureza, especialmente com uma abordagem mais quantitativa. Então é uma contribuição muito grande para a literatura nacional”, afirmou a docente. 

Da mesma forma, o professor Heder Carlos de Oliveira, orientador da pesquisa, falou do crescimento pessoal e profissional da sua estudante durante o processo do mestrado. O docente destacou também a parceria do Instituto Escolhas com a universidade. “A bolsa foi muito importante para Tayanne. Ela pode se dedicar durante todo o período à dissertação, o que muitas vezes é difícil quando o aluno não tem esse tipo de apoio e precisa trabalhar”, ressaltou Oliveira. 

A versão final da dissertação “Economia sustentável e empregos verdes no Brasil: uma análise setorial para o período de 2002 a 2004” estará disponível publicamente no Repositório de Teses e Dissertações da UFOP e no site do Instituto Escolhas em até 90 dias.

O Programa de Bolsas da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente é patrocinada pelo Itaú desde 2016 e já apoiou 17 bolsistas de Mestrado e Doutorado de Programas de Pós-Graduação em Economia em todo o país.

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