Este site utiliza cookies para colher informações analíticas sobre sua navegação. As informações dos cookies ficam salvas em seu navegador e realizam funções como reconhecer quando você retorna ao nosso website e ajudar nosso time a entender quais seções de nosso website são mais interessantes e úteis.
Notícias
Por Instituto Escolhas
11 julho 2017
3 min de leitura
Novo método permitirá calcular impactos de mudanças de uso da terra no Brasil
Estimativa trará emissões ou sequestros de CO2 que ocorreram devido a essas mudanças
Uma parceria entre pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto KTH resultou no desenvolvimento da primeira ferramenta capaz de estimar, de forma consistente, os impactos provocados por mudança de uso da terra (LUC, sigla em inglês) para todo o território brasileiro. O BRLUC é um método capaz de estimar taxas de emissão de CO2 associadas aos 64 cultivos disponíveis na base de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com Renan Novaes, analista da Embrapa Meio Ambiente (SP) e um dos criadores do BRLUC, a metodologia foi desenvolvida seguindo a lógica do pensamento de ciclo de vida e está baseada em padrões internacionais. “Basicamente, o objetivo de métodos nessa linha é estimar quais os tipos de uso da terra (agricultura, pecuária, silvicultura ou vegetação nativa) cederam área para a expansão de um cultivo ‘X’ nos últimos 20 anos. A partir da obtenção de porcentagens de quanto cada uso da terra cedeu, calculam-se as emissões ou sequestros de CO2 que ocorreram devido a essa mudança e atribui-se essa alteração no balanço de CO2 ao produto X”, explica em matéria publicada pela Embrapa. Ele explica, ainda, que cada uso da terra possui um estoque de carbono diferente e conforme o padrão de mudança de uso, o cultivo analisado apresenta um valor de emissão ou sequestro de CO2 por hectare. Esse número é então utilizado para compor a pegada de carbono dos produtos agrícolas. “O método BRLUC permite essa estimativa de acordo com padrões internacionais, porém considerando as particularidades do Brasil e utiliza bases de dados oficiais e mais detalhadas”, completa.
Além disso, a ferramenta incorpora especificidades da agricultura tropical e lida com a escassez de informações sobre transições históricas de uso da terra para cada cultivo. “Essas informações ou não estão disponíveis ou estão muito recortadas no espaço e no tempo. Para contornar isso, desenvolvemos cenários de emissões mínimas e máximas nos últimos 20 anos para cada cultivo. Nossos resultados mostram que essa variação pode ser muito grande e ter impactos enormes nos resultados e a maioria dos standards internacionais não leva isso em conta”, disse Novaes.
Os pesquisadores acreditam que o método deve se tornar fonte fundamental para estudos nacionais de pegada de carbono e avaliação de ciclo de vida (ACV). Segundo a matéria, existem várias metodologias e estimativas internacionais de LUC para o Brasil, mas geralmente utilizam dados e premissas globais e de baixa representatividade da dinâmica da agricultura brasileira. Muitas não consideram, por exemplo, a existência de mais de uma safra por ano e a enorme heterogeneidade do território nacional. Com isso, é comum que os resultados sejam muito distantes da realidade e deixem de expressar os avanços de sustentabilidade implementados no país.
Alguns resultados foram apresentados recentemente em seminário voltado para especialistas da área. Os dados já estão sendo demandados por diversas instituições que desenvolvem estudos de pegada de carbono e ACV. “Como o cálculo desse fator é complexo, os especialistas têm de dispender muito tempo para obter esses números. O método facilitará muito esse trabalho,” afirma Novaes.
Para Matheus Fernandes, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o método apresentado é de enorme importância para a comunidade, pois está alinhado às principais diretrizes internacionais que tratam do tema e, ao mesmo tempo, trabalha com base de dados nacional. “Ao considerar as características do país, o BRLUC trará um resultado mais fiel à realidade brasileira e aumentará a confiabilidade dos diagnósticos gerados por meio desse método,” afirma. “Há algumas questões a serem melhoradas, porém é o primeiro passo para a consolidação de um método regionalizado”, completa Fernandes.
Notícias relacionadas
Juliana Brandão é a nova mestra em Economia da Cátedra Escolhas!
Inscrições para a Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente estão abertas
Restauração florestal na Caatinga pode gerar R$ 29,7 bilhões e ajudar a remover 702 milhões de toneladas de carbono da atmosfera
Fernando Queiroz conquista título de Mestre com pesquisa sobre a bioeconomia do açaí em Abaetetuba