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Por Instituto Escolhas

18 fevereiro 2019

3 min de leitura

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Mobilidade Urbana e os reflexos no bem-estar populacional

Em entrevista para o #Escolhas no mês de fevereiro a economista pernambucana Tatiane de Menezes apontou como um dos problemas da falta de planejamento urbano o adensamento realizado de modo descontrolado nas cidades, o que afeta a saúde mental e física dos trabalhadores em função dos longos tempos de deslocamento casa-trabalho e da falta de um transporte público adequado e integrado, que possa facilitar a vida da população e tornar bem-sucedido o processo de adensar nas grandes metrópoles.

O Office for National Statistics (ONS), o mais importante centro de pesquisas e estatísticas oficiais do Reino Unido, publicou estudo no qual é analisada a relação entre deslocamentos diários e o bem-estar das pessoas, investigando especificamente o tempo usual de deslocamento, os modos de viagem e a comparação entre aqueles que têm necessariamente que se deslocar diariamente e os que não necessitam fazê-lo. As informações foram publicadas em artigo da Folha de S.Paulo de autoria do engenheiro civil e presidente do Conselho Consultivo do Sindicato da Habitação de São Paulo de 2012 até 2015, Claudio Bernardes.

Foram 60.200 pessoas entrevistadas, onde 91% delas eram pessoas que tinham a obrigatoriedade de se deslocar diariamente. A pesquisa considerou algumas faixas de tempo de deslocamento para avaliar o impacto delas no bem-estar das pessoas (1 a 15 minutos, de 16 a 30 minutos, de 31 a 45 minutos, de 46 a 60 minutos, de 61 a 90 minutos, de 91 a 179 minutos, e de 180 minutos ou mais). Na maioria dos casos, os piores efeitos do tempo de deslocamento no bem-estar pessoal foram identificados quando as jornadas duraram entre 60 e 90 minutos. Além disso, as emoções diárias são mais afetadas pelo deslocamento do que pelas avaliações de satisfação com a vida.

Para os britânicos, a pesquisa apontou que os que se deslocam por trens registraram maiores níveis de ansiedade do que aqueles que viajam em veículos próprios. Pessoas que se deslocam diariamente de outras formas demonstraram níveis de satisfação mais elevados e níveis de ansiedade mais baixos do que as que usam automóvel.

Tatiane alerta que a influência do deslocamento na vida das pessoas é algo que devemos levar em consideração na hora de adensar, por isso é de suma importância realizar um planejamento urbano ao lado das iniciativas do mercado imobiliário, pois do contrário haverá apenas um super povoamento de determinadas regiões sem que haja infraestrutura urbana para atendê-los. “O Brasil tenta seguir o modelo norte americano que favorece o uso de automóveis em grandes vias urbanas, onde cada um tem seu carro e não há preocupação com transporte público. Porém as cidades brasileiras em sua maioria seguem um padrão de urbanização europeu nos moldes da colonização com ruas estreitas e não comporta esse modelo”, afirma.

Fonte: Folha de S.Paulo

Entrevista do Mês com Tatiane de Menezes

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