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Notícias
Por Instituto Escolhas
19 janeiro 2018
3 min de leitura
Estudo comprova viabilidade econômica do reflorestamento com espécies nativas
Iniciativa cria modelo aplicável para projetos de reflorestamento contribuírem para meta de clima
“Poucos países têm a vocação florestal do Brasil e é possível olhar para este tema na lógica das oportunidades de negócio”, afirma Miguel Calmon, diretor de Florestas do WRI Brasil, organização responsável pelo Projeto Verena (Valorização Econômica do Reflorestamento com Espécies Nativas), um estudo que mostra que o reflorestamento com espécies nativas é economicamente competitivo.
O projeto desenvolveu, ainda, uma ferramenta gratuita para calcular se um projeto de reflorestamento ou sistema agroflorestal (SAF) é viável, ou seja, se equilibra capital financeiro e natural e oferece oportunidades de negócio e emprego no meio rural. Essa é uma iniciativa importante porque o Brasil se comprometeu a restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030 como parte de sua meta climática no Acordo de Paris.
Isso significa que é preciso conseguir recursos e dar escala a projetos de reflorestamento de espécies nativas e de sistemas agroflorestais, que precisam ser rentáveis para atrair investimentos. Estudo desenvolvido pelo Instituto Escolhas em 2016 (Quanto o Brasil precisa investir para recuperar 12 milhões de hectares de florestas?) mostrou que essa empreitada requer um investimento entre R$ 31 bilhões e R$ 52 bilhões, conforme o cenário de recuperação escolhido. Uma plataforma (#Quantoé?plantarfloresta) também tem o objetivo de ajudar a estimar o valor necessário para recuperar área de floresta nas propriedades rurais brasileiras com ou sem a obtenção de retorno econômico.
O Projeto Verena, por sua vez, analisou nos dois últimos anos a viabilidade técnica e econômica do reflorestamento com espécies nativas, e também os benefícios sociais e ambientais, de 12 estudos de caso em propriedades na Amazônia e Mata Atlântica. “Para tomar uma decisão, os investidores precisam ter mais informação sobre risco e retorno. As espécies arbóreas nativas brasileiras existem há milhares de anos e já protagonizam experiências comerciais bem-sucedidas, mas não no mercado de capitais. Estudos de caso são importantes para a criação de um histórico de práticas e para diminuir a percepção de risco”, destaca Alan Batista, analista de investimentos do WRI Brasil, um dos autores do estudo.
Em sua maioria, os casos estudados necessitam de maior investimento por hectare e tempo para recuperar o retorno do investimento, se comparados ao setor agropecuário e florestas plantadas. No caso do payback, o tempo maior se deve ao maior ciclo de colheita das espécies arbóreas nativas. Se diversificado, é possível mitigar riscos ambientais (estiagens, secas etc.) e de variação de preços.
A análise conjunta dos 12 estudos de caso mostra que, em média, o retorno dos ativos é maior (16%) para o reflorestamento com espécies nativas e SAFs do que a média da agricultura e silvicultura com pinus e eucalipto (13%). A análise conjunta também indica que o retorno médio do investimento nos 12 estudos casos do Verena leva 16 anos frente a 12 anos nos casos estudados da agricultura e silvicultura com espécies exóticas. “Estatisticamente, o retorno médio dos ativos e do investimento são equivalentes nos casos comparados à agricultura e silvicultura. Isso significa que apostar no reflorestamento com nativas e SAFs é um bom negócio”, salienta Alan.
Além da contribuição para o alcance da meta climática, o investimento em restauração e reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais contribui para o cumprimento do Código Florestal Brasileiro (CFB). É o caso do uso econômico da Reserva Legal (RL). Grande parte dos ativos estudados pelo Verena são compatíveis com o manejo sustentável em RL. As análises do projeto indicam outras oportunidades de negócio com sistemas produtivos integrados. É exemplo a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que possibilita o plantio de culturas anuais paralelamente ao plantio de espécies nativas.
O Projeto Verena é liderado pelo WRI Brasil em parceria com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e tem o apoio da Children’s Investment Fund Foundation (CIFF). Mais de 50 parceiros participaram dos primeiros dois anos de trabalho.
Os resultados desse estudo do WRI Brasil estão disponíveis em http://wribrasil.org.br/sites/default/files/VERENA_technical-note.pdf e são um dos destaques no HUB de Estudos sobre Economia e Meio Ambiente do Instituto Escolhas.
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