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Uso da Terra
Notícias
Por Instituto Escolhas
28 julho 2016
3 min de leitura
Desmatamento na Amazônia cresceu 97% em junho
Um estudo realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado no último dia 22, revela que em junho de 2016 foram detectados 972 km2 de desmatamento na Amazônia – um aumento de 97% em relação ao desmatamento registrado no mesmo período de 2015.
De acordo com Antônio Victor Fonseca, pesquisador do Imazon, aproximadamente metade do que foi desmatado na Amazônia em junho ocorreu no Pará, devido às obras de infraestrutura implementadas na região sudoeste do estado, como a pavimentação da rodovia BR-163, a implementação da hidrelétrica de Belo Monte e o projeto de hidrelétrica do Tapajós. “Todos esses projetos valorizam a terra e, aliados ao grande fluxo de migratório de pessoas para região, exercem pressão para o uso e ocupação das áreas de floresta”, afirma. Além da região paraense, a concentração do desmatamento segue com Amazonas (27%), Mato Grosso (12%) e Rondônia (9%), com menor ocorrência em Roraima (1%) e Acre (1%).
Para Fonseca, o aumento do número de alertas de desmatamento em junho de 2016 indica que o desmatamento não está sob controle. Em um comparativo com o quanto foi desmatado em junho de 2015 com junho deste ano, é possível apontar um crescimento de 47.800 hectares, o que equivale a, aproximadamente, 48 mil campos de futebol. “A derrubada de florestas impacta na perda de biodiversidade e contribui para a emissão de gás carbônico, que são estocados pelas árvores, para a atmosfera, contribuindo para a intensificação do efeito estufa. O desmatamento também afeta o ciclo hidrológico, provocando secas e variações nos ciclos de chuva”, alerta Fonseca.
O pesquisador explica que o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto utiliza imagens de satélite para monitorar a Amazônia. Sendo assim, a cobertura de nuvens é um grande obstáculo para esse tipo de trabalho. “Como a região Amazônica apresentou elevada cobertura de nuvens nos últimos meses, parte do desmatamento que foi detectado em junho pode ter ocorrido em meses e regiões que estavam sob nuvem em meses anteriores”, explica Fonseca.
Entretanto, apesar do SAD não realizar projeções do desmatamento, Fonseca diz que a mensagem que fica sobre os dados de junho é a de que se faz necessário uma intervenção para o controle do desmatamento a fim de que o calendário de 2016 não se encerre com um novo aumento de perda de floresta, como ocorreu em 2015. Para impedir que o desmatamento cresça ainda mais, o governo brasileiro já tem intensificado o número de operações de fiscalização na região amazônica, aplicando sanções a quem desmata de maneira ilegal, bem como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que também possui um sistema de alerta de desmatamento mensal, informa aos órgãos de fiscalização sobre a ocorrência de desmatamento.
Costa Rica e o desmatamento
Enquanto o Brasil segue com altos índices de desmatamento, a Costa Rica se tornou o primeiro país tropical a reverter o desmatamento, de acordo com um processo de medição do Banco Mundial.
Desde 1980, o país passou a investir em políticas de proteção ao meio ambiente, que resultaram, hoje, em um retorno da vegetação natural, fazendo com que mais da metade de seu território seja coberto por florestas.
Pensando no Brasil, Fonseca acredita que é necessário intensificar a fiscalização nas áreas críticas, garantindo a presença do Estado para a redução dos conflitos pela posse da terra; aumento da eficiência nas cadeias produtivas, desmistificando a crença de que é necessária a expansão da área sob a floresta para aumento da produtividade. “Já existem iniciativas no setor da pecuária, por exemplo, onde é viável o aumento da produtividade sem a necessidade do desmatamento na propriedade”, conta.
Para o pesquisador, é possível que o Brasil possa aprender com o sucesso da Costa Rica. “A grande lição que a Costa Rica nos transmite é a de que agregando valor à floresta é possível preservar e recuperar o tanto que foi desmatado na Amazônia. Se houver sinergia entre sociedade, órgão públicos e privados é viável, primeiramente, atingir a meta de desmatamento zero e, segundo, recuperar o passivo ambiental que ocorre desde o processo de ocupação da região”, afirma Fonseca.
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