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Por Instituto Escolhas

16 agosto 2020

4 min de leitura

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Brasil pode economizar R$ 68,5 bilhões em energia com redução de consumo por uso de ar-condicionado eficiente, revela novo estudo do Escolhas

Mudanças nas políticas industrial e de eficiência energética podem gerar ainda economia de bilhões de kWh e evitar emissão de 6,7 milhões de toneladas de CO2e

 Com a implementação das políticas industriais e de eficiência energética para a produção e comercialização de aparelhos de ar-condicionado, o Brasil pode economizar R$ 68,5 bilhões em valor de energia evitada, que deixa de ser utilizada devido à redução de consumo, considerando um crescimento anual de 3% nas vendas de aparelhos.  Até 2035, a economia de energia elétrica seria de 87,9 TWh (bilhões de kWh) – o equivalente a 64% de todo o consumo residencial em 2019-, além de deixar de emitir 6,7 milhões de toneladas de CO2e, que corresponde às emissões lançadas por 2,3 milhões de veículos em um ano inteiro.

Estes são os principais resultados do estudo “A economia está no ar:  o que o Brasil ganha com ar-condicionado mais eficiente?” lançado nesta quinta-feira (13/08) pelo Instituto Escolhas, em workshop fechado para convidados da indústria e agentes públicos. O trabalho analisou os impactos econômicos do atual modelo de produção e comercialização de ar-condicionado e apresenta os resultados da análise de cenários de mudanças nas políticas industrial e de eficiência energética, com efeitos econômicos e sociais positivos.

Para alcançar altos níveis de eficiência, a principal medida é fazer alterações no Projeto Produtivo Básico (PPB) da Zona Franca de Manaus (ZFM), no Amazonas, com o estabelecimento de um PPB por pontos.  O fabricante acumularia pontos com o cumprimento de parâmetros, como o uso de compressor mais eficientes e obteria os benefícios fiscais concedidos pela ZFM. Tal medida complementaria os novos índices já definidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) em recente portaria com o aperfeiçoamento do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para equipamentos de ar-condicionado, que torna mais rigorosos os critérios para classificar um equipamento como “A” – menor consumo de energia elétrica.

O representante da empresa de climatização Daikin, Leandro Moraes, destacou a importância de trazer a eficiência para dentro da política industrial e do PPB, e da adoção de pontos, que é uma forma indireta de fomentar o produto eficiente para o consumidor final. “A palavra chave da política industrial é a flexibilidade porque hoje temos algumas obrigações que são barreiras para que se alcance os mais altos níveis de eficiência. A ideia do PPB por pontos é a saída. Se ele for 100% flexível, ou seja, a empresa ter completa liberdade para formar a pontuação mínima requerida, isso vai trazer impactos positivos para a eficiência energética.”, declarou.

Na opinião do Flávio de Barros Azevedo, coordenador-geral de Análise de Projetos Industriais da Suframa, o PPB por pontos permite escolhas às empresas e o cumprimento da pontuação com base nos componentes que ela escolher. “É uma vantagem. A empresa vai ter mais flexibilidade de escolhas.  Muito importante caminhar na direção da modernidade para que haja um aumento nas vendas, que desenvolva a indústria, e para que no futuro possamos exportar a partir de Manaus. Existe todo o interesse institucional da Suframa no desenvolvimento desses aperfeiçoamentos tecnológicos para que a gente possa galgar novos degraus para o desenvolvimento da ZFM”, concluiu.

Carlos Alexandre Príncipe, diretor de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME) considerou como oportunidade de casamento entre as estratégias de eficiência e do PPB, em especial com a expectativa que até 2035 o número de condicionadores de ar dobre em todo o Brasil, fenômeno deve se repetir no mundo inteiro. “Se a gente quer democratizar e seguir essa tendência de dobrar o mercado de ar-condicionado nos próximos anos, precisamos ter um equipamento que consuma menos energia. É uma questão de sobrevivência da indústria também. Temos interesse de trabalhar em conjunto com questão da política industrial porque nós entendemos que a sobrevivência da indústria nacional vai passar pela eficiência energética. Não só pela competitividade da indústria, a oportunidade de exportar seu produto, mas pela criação de um mercado interno também”.

A convergência dos atores presentes – indústria e poder público- em organizar a atuação do setor para que a sociedade tenha o melhor ar-condicionado possível foi ressaltada pelo diretor executivo do Escolhas, Sergio Leitão. Para ele, avanços podem surgir pela união de esforços entre a indústria, o poder público (Suframa e ministérios da Economia e de Minas e Energia), Academia e associações da sociedade civil. “Temos uma base mínima e necessária para avançar e termos um equipamento mais eficiente, ao melhor preço possível ao consumidor, atendendo os interesses da indústria e seu retorno econômico e permitindo que se alie a necessidade de conforto com a melhor padronização de eficiência possível”.

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