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Notícias
Por Instituto Escolhas
17 outubro 2016
4 min de leitura
#QuantoÉ? plantar floresta pode ajudar a planejar adequação ambiental
Engenheiro florestal fala sobre cálculos, espécies e desafios da plataforma desenvolvida pelo Escolhas
Com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) praticamente finalizado na maioria das regiões do país, a pauta atual gira em torno de fazer com que seja possível, para as propriedades que apresentem passivos relacionados à recomposição da vegetação nativa em área de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL), implementarem as ações do Programa de Regularização Ambiental (PRA), conforme as exigências do novo Código Florestal.
A plataforma #QuantoÉ? plantar floresta, do Instituto Escolhas, pode ajudar os proprietários rurais avaliar a planejar a sua adequação ambiental e legal. “Sabendo o total de áreas que demandam intervenções para a recomposição da vegetação da propriedade e os métodos a serem utilizados em cada área, o proprietário consegue estimar os valores relativos ao custo de implantação e às receitas geradas pela comercialização da madeira em pé”, afirma Eduardo Gusson, engenheiro florestal da Biodentro Consultoria, e responsável pelo conteúdo técnico da plataforma.
De acordo com Gusson, para compor os custos para a recomposição florestal nos diferentes biomas na plataforma, foram considerados diferentes métodos de restauração, que vão desde o abandono da área com potencial de autorregeneração até chegar no plantio em toda a área. “Para chegarmos ao valor necessário para restaurar uma determinada área, montamos uma matriz com as diversas operações possíveis de serem adotadas, considerando as peculiaridades de cada método, nas diferentes etapas dos projetos de recomposição florestal”, explica Gusson.
Ele explica que, para cada operação, foram contabilizados os gastos com mão de obra, com as operações mecanizadas e com insumos nas diferentes etapas. “Esses custos foram baseados em rendimentos médios para execução da atividade. Outro custo contabilizado foi o das operações de manejo silviculturais, necessários para a boa condução dos plantios para que se tenha aproveitamento madeireiro da floresta, quando o plantio possui essa finalidade, como pode ser o caso da reserva legal”, completa. Não foram inclusos na plataforma, no entanto, outros produtos, como os não madeireiros, ou seja, frutas, resinas, óleos essenciais, mel, fármacos, entre outros, que podem gerar retorno até maiores em ciclos constantes.
Sobre a classificação das espécies, Gusson explica que a ideia central é a de que as espécies pioneiras criem condições ambientais mais propícias ao crescimento das espécies não pioneiras (espécies mais nobres, que crescem mais devagar). Essas condições dizem respeito às alterações microclimáticas no ambiente, que seguem em gradiente temporal, como o aumento da fertilidade e melhor estruturação das condições físicas do solo, bem como temperaturas mais amenas e constantes, tanto no solo como no interior da floresta, além do aumento na disponibilidade de água e maior capacidade de retenção de umidade. “Nos modelos econômicos, porém, o mais importante é o período em que determinada espécie estará apta a ser explorada. Para isso, separamos as espécies em função de sua velocidade (ritmo) de crescimento, que de certa forma é uma adaptação desses modelos pioneiros”, afirma.
Para Gusson, como os modelos estão sendo propostos para aplicação em diferentes regiões, é necessário considerar que, para cada região, há opções de espécies que podem ocupar o mesmo nicho, espaço ou função no desenho dos arranjos produtivos dos modelos. “Por isso, os modelos foram propostos considerando que diferentes espécies com características similares podem desempenhar a mesma função nos sistemas florestais, ou seja, são intercambiáveis. Essa premissa é fundamental para não se negligenciar a megadiversidade de espécies potenciais para utilização que temos em nosso país”.
Desafios
Uma das dificuldades apontadas por Gusson, na criação da plataforma, foi em relação ao prognóstico de crescimento das espécies nativas nos sistemas florestais implantados – fundamental para estimar as receitas. Isso ocorre porque as florestas nativas plantadas com idades avançadas são poucas e, em sua maioria, visam à restauração e não ao aproveitamento econômico.
“Pelo fato de possuirmos inúmeros biomas com diferentes tipos de vegetação distribuída em todo o país, não é simples fazer uma recomendação geral. Assim, a valoração dos custos da restauração de uma forma geral é um exercício difícil. Sabemos que podem ser bastante variáveis, mas, dentro das premissas adotadas, acreditamos que temos estimativas bastante próximas dos valores reais”, explica.
A importância da plataforma #QuantoÉ?, para Gusson, está na contribuição para que o proprietário rural, e demais interessados, possam ter uma estimativa dos custos envolvidos na recomposição de florestas nativas. Ele afirma que, com a possibilidade de compensação da reserva legal, a criação de polos de florestas nativas econômicas é uma saída para alavancar o país rumo a uma economia verde.
“O entendimento é o de que ainda há muito para avançar nas pesquisas com a silvicultura de espécies nativas, para o desenvolvimento de modelos de florestas nativas de reserva legal, que viabilizem a implementação do Código Florestal, atendendo aos preceitos da sustentabilidade de forma plena, gerando concomitantemente serviços ecossistêmicos e benefícios socioeconômicos”, completa.
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