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Notícias da Cátedra


Por Instituto Escolhas

10 agosto 2018

3 min de leitura

Perdas na produção agrícola brasileira podem chegar a R$ 3,7 trilhões até 2100 por causa das mudanças climáticas

Dissertação de bolsista da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente projeta impactos econômicos das mudanças climáticas na produção agrícola brasileira  

As mudanças climáticas têm potencial de afetar as mais diversas dimensões da vida humana, como produção de alimentos, acesso à água e os recursos naturais. O bolsista da Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente de 2017, Bruno Souza, analisou em sua dissertação de mestrado o impacto da mudança climática na produtividade agrícola do Brasil. A defesa do trabalho “Mudanças Climáticas no Brasil: Efeitos Sistêmicos Sobre a Economia Brasileira Proveniente de Alterações na Produtividade Agrícola”, ocorreu nesta sexta-feira, dia 10/08, na Faculdade de  Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, FEA-USP.

A banca avaliadora contou com o professor orientador Eduardo Amaral Haddad (FEA/USP), e dos professores convidados Eduardo Azzoni (FEA/USP); Vinícius de Almeida Vale, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e José Gustavo Féres, da Escola Brasileira de Economia e Finanças (FGV/EPGE).

Bruno Ssouza ao centro e os professores: Vinícius de Almeida, Eduardo Haddad, José Gustavo Féres e Eduardo Azzoni, da esquerda para a direita

Bruno Ssouza ao centro e os professores: Vinícius de Almeida, Eduardo Haddad, José Gustavo Féres e Eduardo Azzoni, da esquerda para a direita

Seu estudo parte das previsões climáticas contidas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), conhecidas como  Representative Concentration Pathways (RCPs). Este documento apresenta vários cenários climáticos, dos quais o estudo utiliza os dois mais extremos: o otimista e o pessimista. O primeiro deles, representa um quadro onde a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) seria contida em 40% a partir de 2020. No outro, as emissões de CO² permanecem elevadas, alcançando o triplo dos níveis atuais até 2100. Diante destes quadros, o trabalho estima a perda da produtividade nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho, feijão, café e laranja, entre 2020 e 2100. Juntas, essas seis culturas representam representam 82% da produção agrícola nacional.

Os resultados obtidos mostram que as perdas totais na produção destas culturas alcançariam cerca de R$ 647 bilhões, o equivalente a 9,7% do PIB brasileiro em 2017, no cenário otimista. Já no cenário pessimista, as perdas poderiam atingir  R$ 3,7 trilhões que corresponde a 55,6% do PIB brasileiro de 2017. Isso também provoca impactos indiretos em outros setores da economia, este efeito adicional foi dimensionado com a aplicação do método Equilíbrio Geral Computável, EGC. Estas simulações indicam que esses impactos na economia do país poderiam alcançar uma perda de R$ 2,2 trilhões no quadro otimista e R$ 9,2 trilhões no cenário pessimista. Além disso, o trabalho produz um índice vulnerabilidades que torna possível identificar como esses impactos afetam cada uma das cinco regiões brasileiras.

Ao final, Bruno destaca que as culturas que mais seriam afetadas pelas mudanças climáticas seriam a cana de açúcar e a soja em todas as regiões do país.

Ele também comenta sobre a experiência como bolsista da Cátedra Escolhas  de Economia e Meio Ambiente agradecendo pela oportunidade e visibilidade proporcionadas. “Também foi por meio desta iniciativa que pude ir à 12ª edição do Congresso Mundial da Regional Science, que este ano aconteceu na Índia, onde apresentei meu trabalho e ele foi premiado. Ainda tive a chance de interagir com pesquisadores de muitos outros países. Esta foi uma das melhores experiências que já tive, tanto acadêmica como na vida”, diz Bruno.

Histórico

A Cátedra Escolhas de Economia e Meio Ambiente foi lançada em novembro de 2016 e  tem como principal patrocinador o Itaú-Unibanco. A iniciativa tem o objetivo de colaborar em âmbito nacional para o ensino e a pesquisa das questões socioambientais contemporâneas e globais a partir da abordagem das ciências econômicas. Estimulando a cooperação entre instituições brasileiras e estrangeiras, a Cátedra pretende contribuir para ampliar o número pesquisadores que abordam a complexidade dos temas ambientais de forma objetiva, estabelecendo pontes de diálogo entre diferentes saberes que são importantes para a superação dos dilemas inerentes aos processos de desenvolvimento do país.

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