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Uso da Terra
Notícias
Por Instituto Escolhas
17 fevereiro 2022
3 min de leitura
Estudo inédito consegue isolar o efeito do desmatamento sobre o preço das terras e commodities brasileiras
Lançado pelo Instituto Escolhas na manhã deste dia 17/02, o estudo “Como o Agro brasileiro se beneficia do desmatamento?” trouxe um surpreendente resultado: o efeito do desmatamento deprecia o valor da terra de 93,5% dos municípios brasileiros, subsidiando o avanço da agropecuária nas áreas de fronteira agrícola. Os dados mostram, ainda, que o desmatamento ocorrido entre 2011 e 2014 fez com que as terras brasileiras valessem R$ 136,7 bilhões a menos em 2017.
Esses e outros dados foram apresentados pelo professor sênior da ESALQ/USP Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho no webinar de lançamento. Ele representava a qualificada equipe formada, ainda, pelo professor e pesquisador Gerd Sparovek (Geolab/GPP – Esalq/USP) e pelos pesquisadores Adauto Brasilino Rocha Junior, Giovani William Gianetti, Alberto Barreto e Arthur Fendrich. Juntos, eles conseguiram isolar o efeito econômico do desmatamento no preço das terras brasileiras e seus produtos agrícolas, utilizando uma combinação inédita de análise econométrica e espacial.
“As causas do desmatamento, as variáveis que afetam o fenômeno e seus impactos ambientais, tudo isso tem sido bastante estudado. Mas como o desmatamento tem afetado “de volta” a agropecuária é algo que foi menos estudado e é exatamente a isso que nós nos dedicamos neste caso”, explicou Bento na abertura do webinar, que contou com a participação de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, e Leila Harfuch, sócia-gerente e pesquisadora sênior da Agroicone. A mediação do debate coube a Jaqueline Ferreira, gerente de portfólio do Instituto Escolhas, que também assina a coordenação geral da pesquisa.
Um país acostumado a desmatar
Durante o debate – cuja íntegra está disponível no canal do Instituto Escolhas no Youtube – os convidados sanaram suas próprias dúvidas sobre o método aplicado no estudo e trouxeram posicionamentos contundentes sobre o tema.
“O grande problema que eu vejo é que hoje, no país, as pessoas que fazem as normas, as regras, as legislações e que dão o norte das políticas públicas, estão centradas em beneficiar o desmatamento e a tomada da terra a qualquer custo. Temos neste momento em discussão no Congresso Nacional um projeto de lei – que já ocorreu em outros dois governos e não é uma exclusividade desse, então é um erro repetido – que regulariza terras que foram tomadas e desmatadas ilegalmente. E essas terras vão ser legalizadas caso esse projeto de lei passe. Então qual o sinal que o país, via legisladores, está dando nesta questão de tomada da terra? É que você tem benefícios e a expansão via desmatamento é bem-vinda (…) Melhoria de produtividade não passa nem perto da mesa de debate”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Já para Leila Harfuch, proteger o que pode ser aberto legalmente é o maior custo de oportunidade colocado para um produtor, pois é sempre mais viável expandir sobre a vegetação nativa, seja no Matopiba ou na Amazônia. “A regularização fundiária pode ajudar a intensificar essas áreas. O produtor que não tem o título da terra está no limbo dos investimentos. Então é muito importante trabalhar de forma legal. Obviamente, eu não estou aqui defendendo qualquer projeto de regularização fundiária, mas ela é sim essencial para que a gente comece a mudar a lógica de expansão por conversão de novas áreas – já que esse produtor já está de certa forma ilegal – para uma lógica de expansão por incorporação de tecnologias”, defendeu.
O ex-ministro Roberto Rodrigues ressaltou que o desmatamento ilegal é inaceitável e disse acreditar que as lideranças rurais, atualmente, pensam da mesma forma. Rodrigues questionou também a declaração, feita por Astrini, de que o desmatamento empobrece. “Isso não coincide com os dados econômicos de exportação, de aumento de emprego… Um setor que não desempregou foi o rural (…) Na verdade, aumentamos o PIB da agricultura e o PIB brasileiro foi sustentado pela agricultura”, afirmou.
Assista ao debate aqui.
Leia o estudo aqui.
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