Texto

Sistemas Alimentares

Notícias


Por Instituto Escolhas

21 julho 2025

3 min de leitura

Assistência técnica tem presença ampla nas normas legais e políticas públicas, mas não chega ao produtor rural, revela estudo

 

A Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) é fundamental para a disseminação de práticas agrícolas mais eficientes e de tecnologias que contribuam para o aumento da produtividade no campo. Os profissionais de ATER são também importantes na orientação dos produtores rurais sobre programas de governo, linhas de crédito e exigências legais, além de ajudá-los na adoção de modelos de produção mais sustentáveis, que favoreçam a regeneração dos ecossistemas.

Levantamento feito pelo Instituto Escolhas identificou 92 leis, normas e políticas federais que citam a ATER como instrumento de implementação, em atividades econômicas como a agricultura, a pecuária e o manejo florestal, entre outras.  Esse número não inclui instrumentos legais que regulamentam especificamente a política pública de ATER, como a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER.

Mais de 30 órgãos e entidades públicas precisam dos serviços de ATER para implementar suas políticas, seus planos e seus programas, segundo o Instituto Escolhas. Entre os exemplos estão o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro), o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), o Programa Aquilomba Brasil e o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações.

A Constituição Federal, promulgada em 1988, destaca a importância da ATER ao reconhecê-la como um dos elementos estruturantes da política agrícola, a ser considera­da no seu planejamento e execu­ção, assim como o crédito rural, o seguro agrícola e o incentivo à pesquisa e à tecnologia.  Apesar disso, a assistência técnica não é tratada como uma prioridade pelos governos. Está longe de atrair a mesma atenção do que o crédito rural, por exemplo.

Políticas públicas e outras iniciativas que dão acesso gratuito à ATER têm hoje um alcance limitado no Brasil. Entre os mais de 5 milhões de estabelecimen­tos agropecuários existentes no país, 80% não recebiam ATER em 2017, ano do último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No Nordeste, esse percentual chegava a 92% e, no Norte, a 90%.

“Num cenário de escassez de oferta de ATER gratuita e de qualidade, quem pode pagar pelo serviço avança, quem não pode, fica para trás”, afirma Jaqueline Ferreira, diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas e coordenadora do mapeamento. “São prejudicados os mais vulneráveis, como os agricultores familiares, moradores de assentamentos, indígenas e quilombolas.”  Segundo o Censo, 82% dos estabelecimentos da agricultura familiar não recebem ATER.

O desprestígio das políticas de assistência técnica é preocupante diante da necessidade de tran­sição para modelos de produção mais sustentáveis, regenerativos, de baixo carbono e que promo­vam justiça social. A ATER é também um instrumento fundamental para enfrentar as emergências climáticas.

Em maio de 2024, as enchentes causaram dezenas de mortes e deixaram milhares de desa­brigados nas cidades gaúchas. Mas também impactaram propriedades rurais. Segundo a Emater/RS, mais de 206 mil propriedades sofreram perdas na produção, infraestrutura e qualidade de áreas antes cultiváveis. Para enfrentar essa situação, teve papel importante o crédito extraordinário (recurso reservado para situações urgentes, como as de calamidade pública) de R$ 10,6 milhões destinado pelo governo federal para ATER no estado.

Clique aqui e veja o mapeamento feito pelo Instituto Escolhas sobre ATER.

Instituto Escolhas
Opções de Privacidade

Este site utiliza cookies para colher informações analíticas sobre sua navegação. As informações dos cookies ficam salvas em seu navegador e realizam funções como reconhecer quando você retorna ao nosso website e ajudar nosso time a entender quais seções de nosso website são mais interessantes e úteis.