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Por Instituto Escolhas

04 junho 2025

3 min de leitura

Agricultura brasileira pode ter receita de R$ 5,7 bi em 2030 com plantio de cânhamo

 

Daqui a cinco anos, 2,1 milhões de pacientes devem estar em tratamento com canabidiol no Brasil, o que exigirá 20 toneladas do composto químico extraído do cânhamo. O aumento da demanda será de 494% em relação a 2023, quando 430 mil pacientes usaram 4,05 toneladas da substância.

Além da indústria farmacêutica, outros mercados do cânhamo terão crescimento intenso nos próximos anos. O mercado internacional de sementes da planta, usadas pelas processadoras de alimentos, deve crescer 264% entre 2023 e 2030. O mercado internacional de fibras, usadas na fabricação de papéis, tecidos e biocompostos, terá uma expansão de 26% no mesmo período.

As projeções acima são de estudo recém-lançado pelo Instituto Escolhas, que estimou não apenas o crescimento da economia do cânhamo mundo afora nos próximos anos, mas também os benefícios que o Brasil pode obter se souber aproveitar as demandas de cada um desses mercados.

“Atualmente, somos importadores em um mercado em franco crescimento. Mas podemos nos tornar um grande produtor, capaz de atender à demanda doméstica e internacional”, afirma Rafael Giovanelli, gerente de Pesquisa do Instituto Escolhas. “Com terras abundantes e clima propício, o Brasil tem tudo para suprir as necessidades dos vários mercados do cânhamo.”

De acordo com a pesquisa, para atender à demanda projetada para 2030, o Brasil precisa plantar cânhamo em 64,1 mil hectares e investir R$ 1,23 bilhão. Um esforço e investimento que darão resultado em pouco tempo. Até 2030, as receitas líquidas obtidas atingirão R$ 5,76 bilhões. Segundo o estudo, serão gerados 14.485 empregos no setor.

O plantio do cânhamo apresenta algumas vantagens sobre culturas tradicionais. Entre elas, um retorno superior a 100% sobre o investimento e a dispensa do uso de agrotóxicos. No caso do algodão – usado na indústria têxtil, assim como o cânhamo –, o retorno é de 49% sobre o investimento e são necessários 28 litros de agrotóxicos por hectare.

O Brasil possui uma oferta enorme de terras degradadas que poderiam ser recuperadas para o plantio do cânhamo. Estudo recente da Embrapa revelou que existem 28 milhões de hectares de pastagens plantadas no Brasil, com níveis de degradação intermediário ou severo, que apresentam potencial para a implantação de culturas agrícolas. Ou seja, a área sugerida pelo estudo do Instituto Escolhas ocuparia apenas 0,23% desse total.

Ainda existem barreiras legais para a exploração do cânhamo medicinal, mas elas estão sendo derrubadas pela Justiça. A importação e a comercialização de derivados já são permitidas desde 2015. Em novembro de 2024, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a União regulamentem, em até seis meses, o cultivo de cânhamo para fins medicinais.

Essa regulação está sendo debatida em várias instâncias, como o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado “Conselhão”. Além disso, diversos projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, entre eles o PL 399/2015, permitem a exploração de outras propriedades da planta em setores como as indústrias têxtil e alimentícia.

Além de seu potencial econômico, o cânhamo apresenta vantagens ambientais em relação a outras culturas. Devido a seu porte elevado e plantio adensado, especialmente na produção de sementes e fibras, a planta remove CO2 da atmosfera em quantidades equivalentes a florestas tropicais. Se o Brasil cumprir o cenário desenhado pelo Instituto Escolhas, serão removidas da atmosfera 1,1 milhão de toneladas de CO2 a cada safra – um valor superior às emissões da cidade de Florianópolis (SC).

Acesse o estudo aqui

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