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Por Instituto Escolhas

04 julho 2017

4 min de leitura

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Análise econômica mostrará impacto de zerar desmatamento

Escolhas discute detalhes de estudo com Grupo Desmatamento Zero para colher impressões da sociedade civil

O Instituto Escolhas realizou, na última sexta-feira (30/6), em Brasília, uma nova reunião com o Grupo Desmatamento Zero (DZ), formado por um conjunto de organizações, formado por algumas das principais ONGs que atuam na área de florestas no Brasil, para mostrar o andamento do estudo que está desenvolvendo para medir o impacto econômico de zerar o desmatamento no Brasil. A ideia desta segunda rodada foi mostrar detalhes da análise econômica do trabalho e como as sugestões feitas no primeiro encontro, em 9 de março, foram incorporadas ao estudo, com lançamento previsto para setembro próximo.

Segundo o diretor de Relacionamento com a Sociedade do Instituto Escolhas, Sergio Leitão, estabelecer diálogos como esse com instituições que atuam na área ajudam a qualificar os dados que estão sendo produzidos, aumentando sua capacidade de interação com os setores governamental e agropecuário, diretamente responsáveis pela implantação de políticas que levem ao fim do desmatamento no país.

Luís Fernando Guedes Pinto, gerente de Certificação Agrícola do Imaflora, organização responsável pelos dados ambientais e fundiários do estudo, esclareceu novamente que o recorte do estudo é medir o efeito de zerar o desmatamento sob o ponto de vista da expansão de terras para o setor agropecuário. “Escolhemos essa abordagem porque é a que o tomador de decisão enxerga”, disse.

Para Leitão, a escolha dessa metodologia se fez porque o estudo precisa enfrentar as questões que são colocadas por quem está interessado em ampliar suas atividades mediante a conversão de áreas de florestas. “Afinal, qual o tamanho do impacto do desmatamento zero sobre suas atividades? E sobre o total da economia do país. Sem uma resposta adequada a essas questões, não sabemos a real viabilidade política da proposta de zerar o desmatamento no país, pois desconhecemos as suas consequências sobre os agentes econômicos”, avalia.

Também participou do encontro o doutor em economia e especialista em política agrícola Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, responsável pela parte econômica do trabalho, mostrando como a análise de insumo-produto pode inter-relacionar e mostrar os efeitos da redução do desmatamento (nos diversos cenários do estudo) no comportamento de empresas, governos e pessoas, e seu impacto no PIB do país. Os cenários escolhidos vão desde o mais extremo – zerar todo o desmatamento hoje, ilegal e legal – até o cumprimento da NDC brasileira (contribuição nacionalmente determinada do país de redução de emissões), na qual o governo se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal até 2030. Neste último caso, o trabalho considera o que aconteceria se fosse desmatado tudo o que o Código Florestal permite (13,7 milhões de hectares de áreas disponíveis, segundo o Imaflora) ou apenas as áreas com maior aptidão agrícola.

A partir de um período que vai de 2005 até 2015, serão considerados, entre outras variáveis, o histórico do desmatamento em três biomas (Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica) e por estado, a evolução da agricultura e das pastagens no país e também o crescimento do PIB brasileiro no período. Com esses dados em mãos, um modelo simulará o desmatamento entre 2016 e 2030 e seus impactos na economia para os vários cenários e as consequências disso em diferentes setores.

Os dados foram retirados das estatísticas oficiais da Matriz de Insumo-Produto do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos resultados trazem uma visão detalhada de tudo o que o Brasil produz e permitem observar a ligação entre os diferentes setores da economia. A Matriz utiliza informações a partir de pesquisas agropecuárias (como o Censo Agropecuário), pesquisas econômicas na indústria, levantamentos populacionais, entre outras.

Novas sugestões levantadas pelo Grupo DZ sobre a forma de apresentação do trabalho e detalhes da metodologia deverão ser levadas em consideração. A possibilidade de apresentar os dados, além de por estados, também por bioma, está sendo analisada, embora dependa de possibilidade técnica. “É importante ressaltar que o estudo aborda o impacto do desmatamento no custo de expansão da terra”, disse Cristiane Mazzetti, Greenpeace. Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Frederico Soares Machado, do WWF-Brasil, sugeriram que o relatório final traga esclarecimentos, que permitam dirimir dúvidas sobre as escolhas metodológicas, e recomendações de como minimizar os possíveis efeitos na economia, sobretudo nos estados amazônicos.

Karen Oliveira, da The Nature Conservancy (TNC), comentou que sua organização tem trabalhado com estudos para saber se o programa de desmatamento líquido zero no Pará (Pará 2030) tem viabilidade e que os resultados desses trabalhos mostram que sim. “O segredo é a intensificação da pecuária, que cede lugar para outras cadeias produtivas. Mostrar esses resultados com este estudo do Escolhas será perfeito”, disse. O Grupo DZ prepara, também para este ano, um relatório com ações necessárias para se chegar ao desmatamento zero, mantendo o desenvolvimento econômico.

Participaram, ainda, da reunião, Ligia Vasconcellos, diretora científica do Escolhas, Raissa Guerra (IPAM), Ciro Campos (Instituto Socioambiental-ISA), Claudio Angelo (Observatório do Clima), e (via Skype) Paulo Barreto (Imazon) Paula Bernasconi (Instituto Centro de Vida-ICV) e Vinicus Guidotti (Imaflora).

O estudo do Escolhas será discutido também com outros setores, como o econômico, em rodadas de apresentações previstas para o mês de agosto, e com os setores governamentais, federal e estaduais.

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