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Por Instituto Escolhas

03 outubro 2016

4 min de leitura

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Entidades se reúnem para debater modelagem econômica para o reflorestamento no Brasil

Plantar floresta e evitar o desmatamento é a maneira mais eficiente de se abater gases de efeito estufa. Essa foi a premissa que marcou o workshop Modelagem Econômica para o Reflorestamento com Espécies Nativas, realizado pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que aconteceu no último dia 30, na Sociedade Rural Brasileira, em São Paulo.

O evento contou com a participação de diversos setores ambientais para a apresentação do Projeto Verena, resultado de uma parceria entre o WRI Brasil e a IUCN, e o projeto da Febraban e GVces sobre o financiamento da restauração florestal no Brasil.

Assim como a Plataforma #Quantoé? recuperar floresta, lançada no mês passado pelo Instituto Escolhas, o Projeto Verena tem como objetivo demonstrar a viabilidade econômica da restauração florestal e reflorestamento com espécies nativas para fins econômicos. Na ocasião, foram apresentados alguns casos, a fim de disseminar informação sobre as principais iniciativas florestais desse tipo no Brasil. A ideia é que, dessa forma, investidores e produtores sejam atraídos para atingir a escala necessária para o cumprimento da meta brasileira de redução de emissões na Convenção do Clima.

Claudio Pontes, do WRI Brasil, apresentou o modelo silvicultural, os procedimentos operacionais focados nos custos de produção e a modelagem econômica com as premissas utilizadas para cada caso. Um dos casos apresentados por Pontes foi o da Fazenda da Toca, em São Paulo, que está fazendo a transição da agricultura orgânica para sistemas agroflorestais. Pontes também apresentou um caso da Bahia, onde há a avaliação para o desenvolvimento de um sistema de agrofloresta em uma fazenda de 40 mil hectares.

“Nós estamos atuando em área produtiva. O foco do Verena consiste no reflorestamento em plantio econômico biodiverso, no plantio econômico do monocultivo, no plantio misto e no plantio com sistema agroflorestal”, conta Pontes. Alan Batista, também do WRI Brasil, trouxe os cálculos utilizados para elaboração do projeto e forneceu uma perspectiva de como o Verena continuará atuando. “Os próximos passos incluem o melhoramento genético para o sistema de produção junto ao monitoramento”, informou.

Financiamento para restauração

Para Annelise Vendramini, do GVces, o Brasil tem a faca e o queijo na mão para entregar produtos agroflorestais com sustentabilidade. “Nós já temos muito sucesso com os produtos agro e com o avanço da agenda sustentável global, o Brasil tem um potencial maior ainda”, disse  Vendramini durante a apresentação do projeto da Febraban e GVces.

O projeto sobre o financiamento da restauração florestal no Brasil está em consolidação. Paula Peirão, do GVces, afirma que ainda não há resultados finais no trabalho da Febraban e GVces e que a ideia é conseguir construir um modelo robusto, a partir de premissas e críticas nos encontros realizados com entidades do setor, para chegar a resultados que façam sentido, não só para o área financeira, mas, também, para todas as pessoas envolvidas nos resultados, previstos para sair em um mês.

Um dos objetivos desse trabalho, segundo Peirão, é entender que, para o desafio de recuperar 12 milhões de hectares – meta assumida pelo Brasil durante o Acordo de Paris –, será preciso trazer o fluxo financeiro para viabilizar a restauração, seja em um recorte maior com as metas nacionais ou no contexto da adequação ambiental do Código Florestal. Por isso, o estudo visa a identificar os entraves e propor facilitadores para aumentar o financiamento à restauração, considerando a gestão da propriedade como um todo e a necessidade de regularização das áreas de preservação permanente (APP) e áreas de reserva legal pelos produtores rurais.

Peirão lembra, ainda, que é importante ter um banco de dados que permita aos agentes financeiros fazerem suas modelagens de riscos.  “Sem informação, o setor financeiro não consegue realizar a modelagem. Por isso, é preciso ter clareza e transparência nos dados. Além disso, é preciso proporcionar a capacitação de todos os elos do setor”, afirma.

Ao fim do encontro, os participantes iniciaram uma sessão de debate, projetando os próximos passos da restauração florestal, que nortearão o cumprimento das metas brasileiras, considerando a modelagem econômica. “O país vai precisar recompor e manter sua vegetação. Parte dos nossos esforços está em propor caminhos que façam sentido do ponto de vista econômico, além do ambiental e social”, afirma Vendramini.

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