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Por Instituto Escolhas

10 janeiro 2017

3 min de leitura

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Escolhas lançará estudo sobre os custos de viver na cidade

Em 2017, o Instituto Escolhas lançará o estudo Quanto Custa Morar Longe?, cujo objetivo é apresentar um cenário de questões relacionadas às cidades. Ciro Biderman, Pesquisador do Centro de Estudos de Política e Economia do Setor Público (CEPESP/FGV) e um dos responsáveis pelo estudo, explica que o ponto central desse estudo é entender os custos relacionados à decisão de moradia.

O número de moradores de áreas urbanas cresce a cada ano e já representa metade da população mundial. No Brasil, desde 1980, cerca de 80% da população já vivia em áreas urbanas. Biderman afirma que enquanto nas áreas rurais a intensificação das emissões de carbono está ligada ao desmatamento e queimadas, nas áreas urbanas o principal vilão é o transporte urbano e a calefação. Como no Brasil, país clima quente, praticamente não se usa calefação, ”a solução sustentável passa necessariamente pelo aumento da sustentabilidade no transporte urbano, que depende muito da decisão de localização das famílias”, afirma.

De acordo com Biderman, é possível que as famílias estejam tomando decisões de localização ruins do ponto de vista ambiental por conta dos custos “escondidos” dessa decisão. O estudo se apoiará no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e tem como finalidade entender se o programa está de fato levando em conta todos os custos de se morar longe. Segundo avaliação de Biderman, o custo apresentado pela Caixa Econômica Federal leva em conta apenas os custos diretos do programa. Quando há doação de terra por parte da prefeitura, esse custo não está contemplado, além de custos adicionais como os de infraestrutura, que são necessários para que se dê condições mínimas de vida nos locais onde se instalam tais conjuntos habitacionais. “Finalmente, queremos entender se a decisão de localização do programa é ainda mais periférica do que a decisão tomada pelas famílias ou não”, acrescenta.

Atualmente, não há indicadores de custos de forma efetiva para o governo e para as famílias em sua decisão sobre a localização e isso permite que as decisões tomadas pelo governo possam ser equivocadas. “Essa conta está longe de ser trivial por uma série de motivos. Um elemento fundamental, o custo da terra, é geralmente difícil de se obter diretamente. O estudo pretende preencher essa lacuna por meio da modelagem do preço da terra. Esse mesmo tipo de modelagem será aplicada para ver a probabilidade de homicídio, a qualidade das escolas conforme nos afastamos do centro de negócios, bem como os custos de transportes e o custo ambiental em termos de emissões”, explica Biderman.

Cátedra Economia e Meio Ambiente

Para Biderman, o novo estudo dialoga com a Cátedra Economia e Meio Ambiente – um dos projetos apresentados pelo Escolhas em 2016. “A Cátedra tem como um dos objetivos centrais estimular o uso da ciência econômica para o estudo de questões ambientais. Nesse estudo, estamos usando a economia urbana para entender os custos no sentido amplo, incluindo o custo ambiental – e também o social -, de uma decisão de morar longe do centro de negócios”, explica.

O pesquisador afirma, ainda, que a economia permite que essa avaliação seja realizada levando em conta as alternativas de escolha que poderiam ser oferecidas às famílias ao tomarem a decisão de localização. “Adicionando esse tipo de informação podemos, ao fim e ao cabo, mudar decisões tanto do governo como das famílias, contribuindo para a melhoria ambiental nas cidades”, completa.

A Cátedra, lançada em novembro deste ano, pretende contribuir para ampliar o número pesquisadores que abordam a complexidade dos temas ambientais de forma objetiva, estabelecendo pontes de diálogo entre diferentes saberes que são importantes para a superação dos dilemas inerentes aos processos de desenvolvimento do país. Saiba mais.

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