Texto

Notícias


Por Instituto Escolhas

11 dezembro 2017

3 min de leitura

Compartilhe: Compartilhe: Voltar

Brasileiros consideram empresas de petróleo gananciosas, sem ética e interessadas em tirar vantagens do consumidor

Contrariando a percepção dos brasileiros, o governo federal pode aprovar terça-feira medida provisória que concede isenções fiscais ao setor

A pesquisa realizada pela Ideia Big Data ouviu 3.000 brasileiros de todas as regiões do país e revelou uma forte rejeição às companhias de petróleo e desejo de mudança para uma matriz energética mais limpa. A pesquisa foi encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade em parceria com o Instituto Escolhas

A maior parte dos brasileiros classificou as petrolíferas como gananciosas (88%), politicamente poderosas (87,3%), sem ética (72%), sem responsabilidade com o meio ambiente (70%) e ainda afirmaram que as empresas de petróleo tiram vantagem do consumidor (86%). Mesmo reconhecendo que as petrolíferas são vitais para a nossa economia (69%) e uma grande fonte de empregos no Brasil (73%), 80% dos entrevistados são favoráveis ao fim dos incentivos, subsídios e isenções fiscais às companhias de petróleo. 90% dos entrevistados disseram ser a favor de manter o máximo possível de nossas atuais reservas de petróleo no solo para não contribuir com a mudança do clima.

Não é só a imagem das companhias de petróleo que vai mal, os combustíveis derivados do petróleo também receberam grande rejeição. Os entrevistados afirmaram que os combustíveis derivados do petróleo têm impacto negativo direto na mudança do clima (80%), na qualidade do ar (85%) e na qualidade da água (77%). 61% dos entrevistados identificou os combustíveis fósseis como a principal causa da mudança climática, fato corroborado pela comunidade científica global.

Segundo Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, esses resultados demonstram “que a população entende as consequências negativas do petróleo sobre suas vidas, o que deveria servir para reafirmar a necessidade de o Brasil iniciar imediatamente a transição para uma economia descarbonizada”.

Para Walter Figueiredo De Simoni, coordenador de Mobilidade Urbana do Instituto Clima e Sociedade, “a decisão do governo Temer de ampliar os subsídios à indústria do petróleo vai na contramão de um processo global de descarbonizar a economia. Países desenvolvidos como a Noruega anunciam que vão ‘desinvestir’ do setor de combustíveis fósseis” e ainda ressalta a perda de oportunidades estratégias “O Brasil, país dos biocombustíveis e do etanol, se beneficiaria de um mundo de baixo carbono, mas mesmo assim assina seu casamento com uma indústria que tem seus dias contados. Isso, somado à irresponsabilidade de apoiar um setor pouco transparente e envolvido em escândalos de corrupção da Lava Jato”.

Não por um acaso, a pesquisa também explicitou a descrença da população em relação à mudança da matriz energética brasileira. 60% dos entrevistados acreditam que o Brasil tem condições de substituir os combustíveis fosseis, mas apenas 37% acreditam que o Brasil fará esta substituição.

No último dia 29 de novembro, o Câmara dos Deputados aprovou o texto base da Medida Provisória 795 que concede isenções fiscais ao setor petrolífero, nos próximos 25 anos, que podem atingir a casa de 1 trilhão. A proposta passou com 208 votos contra 184. Está prevista para terça-feira (12/12) a votação no Senado. A MP contraria não só a opinião da população como vai na contramão do acordo de Paris, que possui metas de redução das emissões de carbono para cada país signatário, e ignora a crise econômica do país e sua consequente necessidade de aumentar a arrecadação. A MP ainda seguirá para o Senado.

 

Leia entrevistas exclusivas e saiba mais sobre estudos e publicações do Escolhas em nosso boletim mensal

Assine o boletim do Escolhas

    Leia entrevistas exclusivas e saiba mais sobre estudos e publicações do Escolhas em nosso boletim mensal

    Assine o boletim do Escolhas